A SUSTENTABILIDADE EM UMA ERA DE POLARIZAÇÃO DE MERCADOS
A globalização, que ganhou destaque a partir da década de 1980, e os avanços em internet, tecnologia e digitalização transformaram o cenário global, facilitando o acesso à informação, à publicidade e aos produtos. O conceito de “Cauda Longa“, introduzido por Chris Anderson em 2004, tornou-se uma realidade consolidada 20 anos depois, ilustrando a crescente concorrência em todos os setores.
Após a revolução do entreterimento, a mídia de massa, que antes dominava o panorama da comunicação, agora compete com plataformas de streaming e múltiplos canais de distribuição de conteúdo. Marcas que outrora se destacavam pela visibilidade proporcionada pelos grandes meios de comunicação enfrentam a competição de novos entrantes que conquistam consumidores por meio de personalização e customização. Com a ascensão das gerações Y, Z e, em breve, Alfa, que estão cada vez mais conectadas e influenciam as decisões de compra de seus pais, as expectativas em relação às marcas evoluíram. Atualmente, os consumidores não buscam apenas produtos de qualidade, mas também marcas que se alinhem a valores sociais e ambientais.
O modelo de consumo tem se distanciado do foco em produtos, característico dos marketings 1.0 e 2.0, e se orienta cada vez mais para a diferenciação e personalização. A mudança nas gerações trouxe uma transformação nas preferências de consumo: agora preferem experiências do que bens materiais. As marcas que conseguem oferecer um valor real e significativo se destacam em um mercado competitivo. A demanda não é mais apenas por produtos que atendam necessidades pessoais, mas por marcas que compartilhem e ajam de acordo com valores sociais e éticos.
Diante da crescente polarização do mercado e da tendência de extrema segmentação das classes sociais, as empresas enfrentam um desafio de reposicionamento. O marketing 5.0, que utiliza a tecnologia para beneficiar o ser humano, reflete essa mudança. As marcas precisam ir além da mera entrega de produtos e focar em valores que ressoem com os consumidores, para se destacarem tanto na mente quanto em seus corações.
Para se destacar nesse cenário, as empresas devem adotar práticas de sustentabilidade autênticas, que atendam às expectativas de uma geração cada vez mais consciente e engajada. Incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) se torna essencial para a sobrevivência e prosperidade na próxima década. No entanto, é crucial que essas ações sejam autênticas; a internet, com sua capacidade de disseminar informações rapidamente, pode revelar a falta de transparência e impactar negativamente a reputação das empresas.
À medida que avançamos para um futuro em que a polarização dos mercados e a conscientização social são cada vez mais predominantes, as empresas enfrentam o desafio de se adaptar e se destacar em um cenário competitivo. A sustentabilidade não é mais uma opção, mas uma exigência essencial para conquistar e manter a lealdade dos consumidores. A autenticidade e o alinhamento com valores sociais e ambientais se tornam diferenciais cruciais, e a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se apresenta como um caminho não apenas estratégico, mas vital para a sobrevivência e o sucesso a longo prazo. As marcas que conseguirem integrar verdadeiramente essas práticas em suas operações e comunicação terão não apenas a oportunidade de prosperar, mas também de contribuir para um futuro mais justo e equilibrado. Portanto, o verdadeiro desafio para as empresas do amanhã será não só atender às expectativas de um mercado exigente, mas também liderar pelo exemplo, promovendo uma mudança positiva que ressoe com a nova geração de consumidores.
Sandra Borges
Marketing, Neuromarketing e ESG